A primeira grande distinção que se percebe durante sessoes de meditacao é que existe uma grande diferença entre quando você está meditando e quando você está perdido em pensamentos.

Quando a gente se perde em pensamentos, mesmo que por alguns segundos, esquecemos que estávamos meditando.

Na verdade, a gente esquece de tudo, esquece onde está, esquece o que estava fazendo.

Aí percebemos que estamos perdidos e nos concentramos de novo na meditação.

Hoje nós vamos tentar perceber a segunda grande distinção de estados mentais. Quando você se concentra na meditação, pode fazer isso de 2 formas diferentes.

São 2 formas diferentes de experienciar algo que aparece na sua mente, 2 perspectivas que podemos usar experienciar o mundo.

Esses 2 estados de concentração que vamos explorar hoje são chamadas em inglês de “small mind” e “big mind”. A mente pequena, fechada, dual de um lado, e a mente grande, aberta e não dual do outro lado.

Quando você se concentra e experiencia as coisas com a mente fechada, você sente como se houvesse um sujeito, um “eu”, um meditador ou um pensador de pensamentos. Normalmente, você sente como se esse “eu” tivesse uma localização, dentro da sua cabeça, atrás dos olhos. E você sente como se esse “eu” tivesse o poder de direcionar a atenção e focar em alguma coisa.

A sensação é de esforço, como se você estivesse fazendo alguma coisa. E esse foco de atenção da mente pequena parece como um holofote, iluminando só uma coisa de cada vez, mesmo que tenham muitas outras aparecendo ao mesmo tempo na sua consciência.

Para interpretar o mundo, a mente fechada sempre se relaciona com o conteúdo da mente como algo fora de si mesmo e, por isso, cria julgamentos sobre aquela experiência. Você sente apego ou rejeição, você pensa que aquela experiência é “boa” ou “ruim”, que você “gosta” dela ou "não gosta”, que você “quer mais” dela ou “quer menos”.

Outro exemplo da mente pequena é que quando você experiencia uma sensação no corpo, você sente como se o “eu” estivesse dentro da sua cabeça, olhando a sensação do corpo de longe.

Outra coisa que acontece muito com a mente pequena é você sentir alguma coisa e ter que checar com os pensamentos pra ver se você realmente está sentindo o que você acha que está sentindo. Então, por exemplo, você sente frio e pensa “estou com frio”.

Por outro lado, quando você se concentra e experiencia as coisas com a mente aberta é como se recebesse tudo que está na consciência e não só o que está no holofote do seu foco de atenção pequeno. Você sente como se as coisas simplesmente acontecessem, sem esforço nenhum. A visão, sensações, sons, pensamentos, emoções e tudo mais aparecendo sem o seu controle.

A mente aberta não se relaciona a nada de fora dela, não espera que nada venha de fora dela mesma. É como se tudo estivesse contido dentro desse espaço. E as coisas que aparecem são como as ondas no oceano da consciência.

Quando você se concentra com a mente aberta, a sensação de que existe um eu no centro da experiência consciente some e só sobra a experiência em si. Então, por exemplo, quando você experiencia sensações no corpo, você não sente mais como se você estivesse dentro da sua cabeça, olhando a sensação de longe. A sensação é de que a consciência toda se move pelo corpo.

Nesse estado, você não precisa checar com os pensamentos para ver se você está sentindo o que acha que está sentindo porque você está sentindo, você já sabe o que está sentindo.

Pode parecer confuso agora, mas quando você experienciar a diferença entre esses dois estados vai ficar bem claro. E, o jeito mais fácil de notar essa diferença é continuar meditando e treinando a sua mente.

Dica:

• Uma coisa que é muito importante de dizer antes de a gente começar é que você não deve ficar procurando a mente aberta. Se você “quer” experienciar a mente aberta, você está colocando um julgamento, pensando que a mente aberta é “boa” e a mente fechada é “ruim”, ou seja, você está com a mente fechada!