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O Mito do “Eu”


Alan Watts era professor de filosofia budista, taoísta e hindu e ficou muito famoso por trazer essas ideias para uma linguagem mais ocidental. Também é conhecido por suas metáforas incríveis e sua calma invejável!


Em uma de suas aulas, chamada O Mito do “Eu”, ele diz que a pergunta mais fascinante que alguém pode fazer é “Quem sou eu?”. Nesse contexto, essa pergunta quer dizer “como eu me sinto quando digo a palavra eu?”


Alan reflete que é impossível procurar a si mesmo a fim de responder essa pergunta. Seria como tentar olhar dentro dos seus próprios olhos, morder seus próprios dentes ou sentir o gosto da sua língua. Não é possível entender como entendemos as coisas.


Ele diz que, mesmo sendo impossível responder essa pergunta de forma racional, a maioria das pessoas sente que existe um “eu”. No ocidente, esse “eu” normalmente é sentido como uma fonte de ação que reside dentro do corpo, entre as orelhas e atrás dos olhos.


Essa perspectiva de ser uma essência espiritual aprisionada dentro de um corpo faz com que encaremos o corpo e o mundo como algo alheio a nós e, portanto, estranho e hostil.


Alan diz que essa ideia é absurda, pois nós não somos algo separado de nada no universo. Ele continua com uma metáfora: imagine que o universo é uma árvore. Nós seríamos como folhas nos seus galhos ou como pássaros que vieram de um outro lugar?


Essa sensação de que somos “eus” isolados dentro de sacos de pele é apenas uma ilusão, uma alucinação. Isso porque não há como separar o comportamento de alguém do comportamento do mundo ao seu redor. Somos como uma onda no oceano do universo, inseparáveis e interdependentes.


Alan termina falando que parte dessa ilusão é pensar que o que enxergamos à nossa frente é algo que está fora de nós. Que todas as cores e formas que vemos agora estão em algum lugar que não é “eu”.


Porém, a realidade não é essa, pois tudo que vemos é a interpretação do nosso cérebro (com as nossas experiências de vida) de alguns dos estímulos luminosos e elétricos que existem em frente a nós e que se traduzem na imagem que vemos na consciência.

Dessa forma, nunca é possível separar-se do que é experienciado.


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